sexta-feira, 9 de maio de 2008

Mônica Helena, a louca

Eu seria uma boa inquilina se fosse habitante dessa sua sexualidade imunda. Lambo-lhe o dia com a ardência do cotidiano e com a possibilidade de encontrar tua poesia na cozinha. É suja e grotesca.
Você, quando não oscila da conveniência à falsa honestidade, senta-se descaradamente entre uma e outra de modo a cruzar as pernas olhando no meínho da bola castanho escuro do meu olho, à espera de qualquer advertência de silêncio de como quem olha e diz: "h'm, tá."
Vênuns e oxum são nada perto da malemolência que exala desta pele invisível. Das palavras expulsas de sua boca, muitas destas se perderam aleatórias no espaço físico do afazer corriqueiro.
Toda manhã ela comia granola com a mão e leite misturado a uma quantidade razoável de achocolatado. Tinha horror a engordar. Certamente fôra gorda na infância ou exclusa em algum momento pela notoriedade da loucura. Misteriosamente o interesse em desvendar a sua loucura aqui é nulo.
Era de um ou no máximo dois amigos, mas muitos contatos. Contatos estranhos, diga-se de passagem. Não é que as pessoas do círculo de contatos fossem estranhas, a maneira de como as conheceu é que ela fazia questão de dizer o quão floreado foi. Eu gostava de ouvir até certa época, era engraçado.
Culta, viajada e inteligente do tipo que beira à maleficidade de um cérebro carteziano, previsível e de matrizes maldosas. Feminista de carteira, cuja a tentativa de oposição neste caso é cômica.
A mesquinharia lhe invadia a alma de tal forma a não identificar o humano que se escondia dentro de si.
O silogismo é muito maior e peculiar. Não posso tencionar veneta ou evocar alguma intenção secreta, pois não há.
Portanto, adeus Mônica Helena.